SURF, QUE DROGA!






Em época de avanço tecnológico e por conseqüência do sedentarismo, a busca por atividades físicas e práticas desportivas torna-se uma questão de saúde pública. A grande problemática dessa questão é que poucas pessoas se conscientizam e encaram a atividade física como prática regular, com comprometimento. Sem regularidade não se alcança os benefícios desejados. A comodidade e rotina acabam vencendo. Sem prazer, sem esforço.

Prazer!

Nós, surfistas, podemos nos considerar privilegiados em se tratando de prática física associada ao prazer. Enquanto grande parte dos médicos e profissionais de educação física luta para conscientizar as pessoas a respeito da importância da rotina de exercícios como meio de prevenção e até tratamento de algumas patologias, o surfista faz um esforço tremendo para se concentrar em suas atividades diárias, como trabalho e estudo, em dia de boas ondas.

Surfar é uma atividade intensa e com um grau de dificuldade elevado em relação a outras atividades desportivas. Fatores como força e resistência muscular, equilíbrio associado a velocidade e “leitura” de ações, na maioria das vezes exigindo uma tomada de decisão rápida, fazem dessa prática uma atividade vigorosa e completa. A partir daí, fica mais claro entender o estado de êxtase de um surfista ao completar uma onda excelente ou ao acabar uma boa seção de surfe. É como diz o ditado popular: “Depois da tempestade a bonança”! No surfe, estamos submetidos a 2 momentos distintos e totalmente opostos. O primeiro, está ligado a liberação substâncias relacionadas a sensação de energia e disposição, como a dopamina, bem como estado de prontidão e estresse, como a adrenalina. Quando chegamos no final da seção, inicia-se o segundo momento, ou pós surfe, onde somos abençoados com a liberação de substâncias que alguns especialistas tratam como “mágicas” e tem ações contrárias as anteriores, responsáveis pela sensação de bem estar e euforia, como endorfina e tembém bom humor e relaxamento, como a serotonina. Especialistas tratam tais substâncias como opióides, por ter características bem semelhantes a ação do ópio. O ópio e seus derivados, como a heroína, são drogas pesadas e causam uma grande dependência química.

Talvez esteja o vício do surfista pelas ondas. Há quem diga que ao invés de viciados por pegar onda, nós surfistas somos viciados por endorfinas e serotoninas, que ao contrário do ópio, são substâncias naturais e saudáveis.

Então, que bombem as ondas!
Por Leonardo Aguiar , educador físico
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